As condições de Brétigny, para além da confirmação de
Calais como território inglês e do
Ducado da Aquitânia e
Gasconha como vassalo do rei
Eduardo III de Inglaterra, impunham a entrega de variadas cidades, portos e condados, entre os quais
Ponthieu e
La Rochelle. No total, desde Calais aos
Pirenéus, França abdicava de cerca de um terço do seu território de então. Para além das disposições territoriais, foi estabelecido o resgate do rei João II e do seu filho
Filipe de Valois em três milhões de coroas, uma soma colossal para a época, pagável num complicado sistema de prestações. Em troca,
Eduardo III de Inglaterra abdicava da sua pretensão ao trono de França e
Ducado da Normandia e da suserania do
Ducado da Bretanha. A libertação de João II contra primeira tranche de 600.000 coroas foi paga em
Calais, a
24 de outubro, data da ratificação oficial do tratado pelos reis envolvidos e seus filhos mais velhos. Neste dia, quarenta nobres franceses, entre os quais
Luís I, Duque de Anjou,
Luís II, Duque de Bourbon e Enguerrand VII, Senhor de Coucy, foram entregues como reféns como garantia dos restantes pagamentos, que seriam feitos em seis prestações de 400.000. A cada seis meses, um quinto dos reféns seria libertado contra o pagamento da prestação.
Na prática, após a libertação de João II, pouco se fez para angariar os fundos especificados no tratado. França estava em condições económicas catastróficas e o rei tinha pouca energia política para colectar as prestações. Esta inércia deixou os reféns entregues aos seus próprios meios. Muitos negociaram a sua libertação em privado com Eduardo III, Enguerrand de Coucy tornou-se genro do rei de Inglaterra e Luís de Anjou fugiu. Este acto do seu segundo filho foi visto como desonra por João II, que decidiu corrigir a falta de palavra e entregar-se voluntariamente como refém em troca de Luís. A irresponsabilidade de João II complicou ainda mais a situação de França, que tinha agora que negociar outras condições de resgate, a custos económicos incalculáveis. Mas João II morreu pouco tempo depois, sendo sucedido pelo
delfim, agora
Carlos V de França, mais dotado para a governação e pragmático que o pai.