O
Romantismo no Brasil teve como marco a publicação do livro de poemas "Suspiros poéticos e saudades", de
Domingos José Gonçalves de Magalhães, em
1836, e durou 45 anos. Nos primórdios dessa fase literária, 1833, um grupo de jovens estudantes brasileiros em Paris, sob a orientação de Gonçalves Magalhães e de
Manuel de Araújo Porto Alegre, inicia um processo de renovação das letras, influenciados por
Almeida Garrett e pela leitura dos românticos franceses. Em 1836, ainda em Paris o mesmo grupo de brasileiros funda a
Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujos dois primeiros números traziam como epígrafe: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". Ainda no mesmo ano, no Brasil - momento histórico em que ocorre o Romantismo, 14 anos após a sua Independência - esse movimento é visível pela valorização do nacionalismo e da liberdade, sentimentos que se ajustavam ao espírito de um país que acabava de se tornar uma nação rompendo com o domínio colonial.
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado como reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembléia Constituinte; a
Constituição outorgada; a
Confederação do Equador; a
luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de ter mandado assassinar
Líbero Badaró e, finalmente, a
abdicação. Segue-se o
período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo. Assim é que, a primeira geração do Romantismo destaca-se na tentativa de diferenciar o movimento das origens européias e adaptá-lo, de maneira nacionalista, à natureza exótica e ao passado histórico brasileiros. Os primeiros românticos eram utópicos.Para criar uma nova identidade nacional, buscavam suas bases no nativismo do período literário anterior, no elogio à terra e ao homem primitivo. Inspirados em
Montaigne e
Rousseau idealizavam os índios como bons selvagens, cujos valores heróicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro. Com o incremento da industrialização e do comércio, notadamente a partir da
Revolução Industrial do século XVIII, a
burguesia, na
Europa, vai ocupando espaço político e ideológico maior. As ideias do emergente liberalismo incentivam a busca da realização individual, por parte do cidadão comum. Nas últimas décadas do século, esse processo levou ao surgimento, na Inglaterra e na Alemanha, de autores que caminhavam num sentido contrário ao da racionalidade clássica e da valorização do campo, conforme normas da arte vigente até então. Esses autores tendiam a enfatizar o nacionalismo e identificavam-se com a
sentimentalidade popular. Essas idéias foram o germe do que se denominou romantismo.
Algumas atitudes, e outras consequentes delas, foram se consolidando e, ao chegarem à França, receberam um vigoroso impulso graças à
Revolução Francesa de 1789. Afinal, essas tendências literárias individualistas identificavam-se amplamente com os princípios revolucionários franceses de derrubada do
absolutismo e ascensão da burguesia ao poder, através de uma aliança com camadas populares. A partir daí, o ideário romântico espalhou-se por todo o mundo ocidental, levando consigo o caráter de agitação e transgressão que acompanhava os ideais revolucionários franceses que atemorizavam as aristocracias européias. A desilusão com esses ideais lançaria muitos românticos em uma situação de marginalidade em relação à própria burguesia. Mesmo assim, devemos associar a ascensão burguesa à ascensão do Romantismo na Europa.