O
ready-made nomeia a principal estratégia de fazer artístico de Marcel Duchamp e é uma forma ainda mais radical da arte
encontrada (ou
objet trouvé, no original
francês). Essa estratégia refere-se ao uso de objetos industrializados no âmbito da arte, desprezando noções comuns à arte histórica como estilo ou manufatura do objeto de arte e referindo sua produção primariamente à ideia.
Considera-se que a característica essencial do
Dadaísmo é a atitude antiarte,
Duchamp será o dadaísta por excelência. De fato, por volta de
1915, quando abandona a pintura, assume uma atitude de rompimento com o conceito de arte histórica. É célebre sua declaração contra a arte "essencialmente retiniana", expressão que remete, por um lado, à imediatez da imagem, e, por outro, ao modelo de visão exteriorizado que caracteriza a filosofia de
Descartes, modelo persistente fixado no século XIX com a invenção da
Fotografia.
De fato, é a partir da década de 1960, com os chamados neodadaistas (como Rauschemberg) e os artistas conceituais (como
Joseph Kosuth), que Duchamp e sua obra seriam resgatados do limite do movimento dada para tornar-se uma influência sobre toda a arte contemporânea, rivalizando assim com
Picasso no papel de maior artista do século XX. Antes que uma estratégia localizada, o readymade é um crivo, pois tornou-se o meio de produção de toda a arte contemporânea, senão como procedimento, como problema a ser pensado e ultrapassado.