O
saque de Amório (ou
cerco de Amório ou
queda de Amório) pelo
Califado Abássida em meados de agosto de 838 foi um dos eventos mais importantes na longa história de
conflitos entre bizantinos e árabes. A campanha abássida foi liderada pessoalmente pelo
califa al-Mu'tasim em retaliação a uma campanha lançada pelo
imperador bizantino Teófilo em território do Califado no ano anterior. Al-Mu'tasim tinha como objetivo
Amório (ou
Amorium), uma cidade fortificada na parte ocidental da
Ásia Menor (atual
Anatólia), e cidade-natal da
dinastia reinante bizantina e, na época, uma das maiores e mais importantes cidades do
Império Bizantino. O califa conseguiu reunir um exército excepcionalmente grande e o dividiu em duas partes: uma delas penetrou profundamente em território bizantino na Ásia Menor enquanto que a outra, mais ao norte, derrotou as forças bizantinas lideradas por Teófilo na
batalha de Anzen. As tropas abássidas então convergiram para
Ancira, que encontraram abandonada e, após saquear a cidade, o exército árabe marchou para o sul em direção a Amório, onde chegou em 1 de agosto. Confrontado por intrigas em
Constantinopla e por uma revolta do grande contingente
curramita no
exército, Teófilo não conseguiu auxiliar a cidade.
Amório contava com poderosas fortificações e uma grande guarnição, mas um traidor revelou um ponto fraco nas muralhas, o que permitiu que os abássidas concentrassem ali seus ataques até conseguirem abrir uma brecha. Incapazes de romper as linhas do exército sitiante, o comandante daquela seção da muralha tentou, secretamente, negociar com o califa. Ele abandonou seu posto, o que deu uma vantagem aos árabes, que entraram na cidade e a capturaram. Amório foi sistematicamente destruída e jamais recuperou sua antiga prosperidade. Muitos de seus habitantes foram massacrados e o resto foi levado como escravo. A maior parte dos sobreviventes foi solta após uma trégua em 841, mas os oficiais mais importantes foram levados para a capital do califa em
Samarra e executados após se recusarem a se converter ao
islã. Eles são celebrados pela
Igreja Ortodoxa como os
42 mártires de Amório.
A conquista de Amório não foi apenas um enorme desastre militar e uma pesada perda de pessoal para Teófilo, mas também um evento traumático para os bizantinos, com impactos ressoando na literatura nos anos seguintes. O saque não alterou de forma definitiva o balanço de poder na região, que foi vagarosamente pendendo para o lado bizantino, mas conseguiu desacreditar completamente a doutrina do
iconoclasma, defendida ardentemente por Teófilo. Como os iconoclastas se apoiavam fortemente nos sucessos militares do imperador para se legitimarem, a queda de Amório contribuiu decisivamente para que a doutrina fosse abandonada logo após a morte de Teófilo em 842.