A
Guerra de Independência da Irlanda ou
Guerra Anglo-Irlandesa foi um
conflito armado assimétrico travado de 1919 a 1921 entre o
Exército Republicano Irlandês (as forças da auto-proclamada
República da Irlanda) e o
Exército Britânico. Esta guerra foi o resultado de um desenrolar de eventos após anos de tensão. Em dezembro de 1918 houve eleições gerais na Irlanda e o partido
republicano Sinn Féin levou a grande maioria dos votos. Em 21 de janeiro de 1919 foi formado o
primeiro governo de ruptura (na
Dáil Éireann) e é
declarada a independência da Irlanda do
Reino Unido. No mesmo dia, dois membros da polícia real irlandesa (a
Royal Irish Constabulary) foram mortos no condado de Tipperary. Este incidente é considerado o primeiro confronto armado da guerra. Durante boa parte de 1919, as atividades do
IRA focaram em roubar armas e libertar prisioneiros republicanos. Em setembro o governo inglês em Londres baniu e declarou ilegal a
Dáil (o parlamento separatista) e o
Sinn Féin, intensificando o conflito. Os rebeldes do IRA começaram então a emboscar policiais da RIC e militares britânicos nas ruas, além de atacar seus quartéis, acuando-os. O Reino Unido decidiu enviar mais tropas, especialmente as milícias conhecidas como
Black and Tans e a
divisão auxiliar — que ficaram conhecidos pelos problemas de comportamento e por brutalizar a população civil. O conflito foi marcado por agressões mútuas, violência e represálias contra civis irlandeses.
Um dos eventos mais notórios foi o infame "
Domingo Sangrento", onde cerca de quatorze membros da inteligência britânica foram mortos em
Dublin em uma ação coordenada pelo IRA. A
RIC e um grupo de soldados britânicos, em retaliação, abriu fogo contra civis que assistiam a um jogo de futebol, matando quatorze inocentes e ferindo outros 65. Uma semana mais tarde, dezessete membros da divisão auxiliar inglesa foram mortos pelos militantes republicanos em Kilmichael, no
condado de Cork. O governo britânico respondeu impondo a
lei marcial em boa parte do
sul da Irlanda. Apesar da luta ter se travado principalmente por guerrilhas e confrontos de baixa e média intensidade, batalhas violentas chegaram a ser travadas. A cidade de
Cork, por exemplo, foi destruída por soldados britânicos em dezembro de 1920. Nos meses seguintes mais embates violentos continuaram, matando mais de mil pessoas e terminando na prisão de pelo menos republicanos irlandeses. A luta se concentrou principalmente na região sul, na área de
Munster (particularmente no condado de Cork), em
Dublin e em
Belfast, no norte. Nestes locais foram registrados até 75% das fatalidades desta guerra. A violência na região de
Ulster e, especialmente na área de Belfast, tomou um caráter mais sectário e religioso, com
católicos e
protestantes se digladiando em sangrentos confrontos.
Depois de dois anos de conflito, foi acertado um
cessar-fogo (ou "trégua") em 11 de julho de 1921. Em maio, a Irlanda foi oficialmente
dividida em duas, respeitando
uma lei previamente aprovada no parlamento britânico, que garantiu que os seis condados da
Irlanda do Norte permanecessem parte do
Reino Unido. As conversas entre ambos os lados terminou na assinatura do
Tratado Anglo-Irlandês em 6 de dezembro de 1921. O acordo finalmente encerrou o governo britânico de boa parte da
Irlanda e depois de dez meses acertou a transição democrática para a independência do país, criando o chamado
Estado Livre Irlandês que, embora continuasse como um
Domínio, ainda ligado à
Comunidade Britânica de Nações (
Commonwealth), era na prática uma nação emancipada. Contudo, o norte seguiu como um território subordinado ao Reino Unido. Após o cessar-fogo, a violência sectária entre os republicanos (em sua maioria católicos) e os
lealistas de Ulster (em sua maioria protestantes) continuou no norte da Irlanda. O Estado Livre deu ao menos medalhas para veteranos por serviços na guerra de independência. Mais de duas mil pessoas foram mortas diretamente nos combates.