Na acepção
anarquista e
comunista,
livre associação (também chamada
livre associação dos produtores ou, como Marx frequentemente chamava,
comunidade dos indivíduos livremente associados) é um modo de relação entre indivíduos em que não há nenhum
Estado,
classe social ou
autoridade, numa sociedade que teria abolido a propriedade privada dos meios de produção. Suprimida a
propriedade privada, os indivíduos não são mais privados de acesso aos
meios de produção e por isso podem se associar livremente (isto é, sem coação social) para produzirem e reproduzirem suas próprias condições de existência e satisfazerem suas necessidades e desejos.
O conceito de
livre associação, porém, torna-se mais claro em relação ao conceito de
proletariado. O proletário é o indivíduo que não tem propriedade de nenhum meio de produção e que, portanto, para sobreviver, vende a única coisa que ainda possui, as suas
aptidões e habilidades (
força de trabalho), àqueles que detem a propriedade privada dos meios de produção, em troca do salário. A existência de indivíduos privados de propriedade, privados de meios de vida, permite que os proprietários (ou capitalistas) encontrem no mercado um
objeto de consumo que age e pensa (as
aptidões e habilidades humanas), que eles consomem para aumentar seu
capital em troca do salário que mantém a sobrevivência dos proletários. A relação entre proletários e proprietários dos meios de produção é, com isso, uma associação forçada, em que o proletário é livre apenas para vender sua força de trabalho, se quiser sobreviver. Ao vender sua capacidade produtiva em troca do salário que lhe garanta a sobrevivência, o proletário coloca sua própria atividade prática sob a vontade do comprador (o proprietário), tornando-se
alienado de seus próprios atos e dos produtos dele, numa relação de dominação e exploração. A livre associação seria então a sociedade que o proletariado criaria se ele conseguisse suprimir a propriedade privada para dispor livremente dos meios de produção, o que acarretaria o fim da sociedade de classes, ou seja, não mais existiria proprietários nem proletários e tampouco Estado, mas apenas indivíduos livremente associados.
A abolição da propriedade privada e do Estado por uma associação livre dos produtores é o objetivo original dos comunistas e anarquistas: identifica-se com a
anarquia e o
comunismo propriamente ditos. No entanto, a evolução das diferentes tendências levaram algumas delas a praticamente abandonarem esse objetivo ou a colocarem-no em último plano, enquanto outras tendências o mantêm e consideram a livre associação como algo que deve nortear a atividade prática de contestação do
status quo.