Candide, ou l'Optimisme é um conto filosófico em tom de
sátira publicado pela primeira vez em 1759 por
Voltaire, filósofo do
Iluminismo. A
novela já foi traduzida em centenas de línguas e, em português, seu título costuma ser
Cândido ou O Otimismo ou simplesmente
Cândido. Foi realizado, ao que parece, em três dias, em 1758, ainda sob a impressão do
terremoto de Lisboa, com assinatura de um
pseudônimo, "
Monsieur le docteur Ralph", literalmente, "Senhor Doutor Ralph". Narra a história de um jovem, Cândido, vivendo num
paraíso edênico e recebendo ensinamentos do otimismo de
Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A obra retrata a abrupta interrupção deste estilo de vida quando Cândido se desilude ao testemunhar e experimentar eminentes dificuldades no mundo. Voltaire conclui a obra-prima com Cândido — se não rejeitando o otimismo — ao menos substituindo o mantra leibniziano de Pangloss, "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis", por um preceito enigmático: "devemos cultivar nosso jardim."
Cândido é caracterizada pelo tom sarcástico, bem como pelo enredo errático, fantástico e veloz. Este
romance picaresco com uma história semelhante à de um
bildungsroman mais sério, parodia diversos clichés do romance e da aventura, as lutas das quais são caricaturadas em um tom que é, mordazmente, matéria de fato. Ainda assim, os eventos discutidos no livro são muitas vezes baseados em acontecimentos históricos, como a
Guerra dos Sete Anos e o já citado
terremoto de Lisboa de 1755. O
problema do mal, tema comum aos filósofos da época, é exposto também neste conto, de forma mais direta e ironicamente: o autor ridiculariza a religião, os teólogos, os governos, o exército, as filosofias e os filósofos por meio de
alegorias; de maneira mais conspícua, chega a roubar Leibniz e seu otimismo.
Conforme esperado por Voltaire,
Cândido desfrutou de grande sucesso e causou grande escândalo. Imediatamente após a sua publicação secreta, o livro foi amplamente proibido por conter blasfêmia religiosa, sedição política e hostilidade intelectual escondidos sob um fino véu de ingenuidade. Graças a sua inteligência afiada e a seu retrato profundo da condição humana, influenciou diversos autores, notavelmente o
1984 (1948) de
Orwell, o
Admirável Mundo Novo (1932) de
Huxley e a reflexão sobre pessimismo e otimismo em
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e
Quincas Borba (1891) de
Machado de Assis. Também inspirou artistas como
Leonard Bernstein, que compôs música para a
opereta homônima de 1956, com
libretto original de
Lillian Hellman e, mais recentemente, de Hugh Wheeler.