Nos anos 1950 a crítica de arte ligada à estética
modernista havia descartado o
realismo na pintura como um anacronismo, já que a
fotografia em grande medida substituíra a pintura como meio de reproduzir a realidade, tendo se tornado o meio preferencial para isso quando os primeiros fotorrealistas iniciaram sua produção. Porém, o uso da fotografia como principal base do trabalho constituía uma aceitação tácita dos princípios da arte moderna e teve uma recepção bastante favorável por outros setores da crítica e também pelo público. Isso não impediu que ressurgisse a polêmica, pois seus detratores viam a reprodução como uma anulação da personalidade do artista, uma limitação da sua
criatividade e uma concessão ao conservadorismo do mercado de arte, desconsiderando precedentes históricos importantes no fato de que o emprego de
tecnologias diversas como a
câmera escura e outros aparatos óptico-mecânicos para auxiliar na construção da pintura era uma prática corriqueira desde o século XV, como é sabido da produção de nomes notórios como
Leonardo da Vinci,
Vermeer e
Canaletto. Após o surgimento da fotografia no século XIX ela logo se tornou um auxiliar de grande importância para inúmeros artistas que trabalhavam com a pintura tradicional mas que buscavam reproduzir com fidelidade os cenários, pessoas e objetos que viam. Pintores destacados do século XIX como
Eugène Delacroix,
Frederic Edwin Church,
Albert Bierstadt, e no
Brasil Pedro Américo e
Victor Meirelles, reconhecidamente usaram fotos para compor suas obras. Muitos, porém, negavam esse uso, pois temiam ser vistos como meros copistas.
Ainda que o fotorrealismo compartilhasse alguns princípios com o movimento realista na pintura, desde logo seus praticantes tentaram se caracterizar como uma corrente distinta. A escola, por outro lado, foi muito influenciada perla arte pop e desejou estabelecer uma reação contra o minimalismo e o expressionismo abstrato. Tanto a arte pop como o fotorrealismo reagiam também contra a inundação de imagens produzidas pela fotografia, alegando que a multiplicação massiva de imagens as banalizava. Contudo, enquanto que os artistas pop apontavam para o absurdo que essa multiplicação significava, especialmente na mídia comercial, os fotorrealistas tentavam atribuir um maior valor a imagens específicas, enfatizar a sua ligação com a realidade que descreviam e direcionar a atenção do público para ela. Também procuraram estabelecer uma distinção entre o que faziam e os praticantes da técnica do
trompe l'oeil, já que esta procura enganar o olho fazendo-o acreditar que o que se vê é um objeto real, ao passo que os fotorrealistas jamais tentaram ocultar o fato de que o que o público vê é de fato uma pintura.