Iemanjá (no
yoruba Yèyé omo ejá;
Yemọjá na
Nigéria,
Yemaya em
Cuba, ou ainda
Yemanjá ou
Yemonjá no Brasil; ver seção
Etimologia) é o
orixá africano do povo
Egba divindade das águas doces e salgadas, seu culto principal situava-se em
Abeokuta no rio
Ògùn. É também conhecida no Brasil pelos
epítetos Iyá Ori,
Mãe d'água,
Rainha do Mar,
Sereia,
Inaê,
Aiucá, ou
Maria princesa do Aioká, sendo por vezes confundida com o
Nkisi Ndanda Lunda e a entidade
Mami Wata. É conhecida popularmente como
Dona Janaína. É identificada no jogo do
merindilogun pelos
odus Irosun e
ossá e representada no
candomblé através do assentamento sagrado denominado
igba yemanja. Manifesta-se em iniciados em seus mistérios (
eleguns) ou
médiuns através de possessão ou transe, ato em que os orixás nas palavras de R. S. Barbara: "
vem para dançar e mostrar os seus poderes, representando em gestos suas ações míticas".
Na
mitologia yoruba é filha de
Olokun soberana dos mares. Em
Cuba Iemanjá confunde-se com o culto de Olokun ao ponto de serem postas em algumas ocasiões como duas manifestações do mesmo princípio compartilhando atributos mas
ambivalentes em arquétipo, lhe sendo associado um papel primordial na criação. É devido a estreita relação com Olokun juntamente a perda do culto à esta no processo de
diáspora africana o motivo para a associação de Iemanjá aos mares no novo mundo. Principalmente no
Brasil e em Cuba seu culto passou por novas reinterpretações, também consolidou-se a atribuição de
Mãe de todos os Orixás e consequentemente seu papel na gênese da vida. Iemanjá, nas palavras de D. M. Zenicola, "
representa o poder progenitor feminino; é ela que nos faz nascer, divindade que é maternidade universal, a Mãe do Mundo".
No Brasil desenvolveu profunda influência na cultura popular, música e literatura, adquirindo no processo de consolidação da cultura brasileira cada vez mais aspectos sincréticos às influências étnicas do novo mundo, ou que neste se encontraram, se tornando personagem mítico mais ilustrativamente brasileiro do que ancestral africano, conforme pode ser observado através de sua representação por diversos intelectuais, artistas e o
folclore popular que em sua imagem reuniram as "
três raças". Figura na
Dona Janaína uma personalidade a parte, sedutora, sereia dos mares nordestinos, com cultos populares simbólicos que muitas vezes não expressam necessariamente uma liturgia real, esta última ainda conservada rigorosamente pelos cultos afro-brasileiros. Nessa visão, segundo Bernardo, “
(...)é mãe e esposa. Ela ama os homens do mar e os protege. Mas quando os deseja, ela os mata e torna-os seus esposos no fundo do mar”.