Um
biface é um instrumento lítico
pré-histórico que caracteriza, sobretudo, o período
Acheulense, embora tenha uma cronologia muito mais longa, tendo-se também datado no
Paleolítico Médio e ainda com posterioridade. O seu nome vem de que o modelo arquetípico seria uma peça de talhe, geralmente, bifacial. A morfologia é
amendoada e tendente à
simetria segundo um
eixo longitudinal e segundo um
plano de esmagamento. Os bifaces mais comuns têm a base arredondada e terminam em
ponta.
Os bifaces foram as primeiras ferramentas pré-históricas reconhecidas como tais: em
1800 aparece a primeira representação de um biface, numa publicação
inglesa de John Frere. Até então era-lhes atribuída uma origem natural e supersticiosa (eram chamadas de "pedras do raio"—ou
ceráunias—, porque a tradição popular sustinha serem formadas no interior da terra ao cair um raio, e que depois saíam à superfície; de fato, ainda são usadas em certas regiões rurais como
amuletos contra as tormentas).
A palavra biface foi utilizada pela primeira vez em
1920 pelo antiquário
francês André Vayson de Pradenne, convivendo este termo com a expressão "machado de mão" (
"coup de poing"), proposta por Gabriel de Mortillet muito tempo antes, podendo dizer-se que, somente devido à autoridade científica de
François Bordes e Lionel Balout, impôs-se o vocábulo definitivo.