Os
povos indígenas do Brasil compreendem um grande número de diferentes grupos étnicos que habitam o país desde milênios antes do início da
colonização portuguesa, que principiou no século XVI, fazendo parte do grupo maior dos
povos ameríndios. No momento da
Descoberta do Brasil, os povos nativos eram compostos por
tribos semi
nômades que subsistiam da
caça,
pesca,
coleta e da
agricultura itinerante, desenvolvendo culturas diferenciadas. Apesar de protegida por muitas leis, a população indígena foi amplamente exterminada pelos conquistadores diretamente e pelas doenças que eles trouxeram, caindo de uma população de milhões para cerca de 150 mil em meados do século XX, quando continuava caindo. Apenas na década de 1980 ela inverteu a tendência e passou a crescer em um ritmo sólido. No censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, 817 963 brasileiros se autodeclararam indígenas, embora milhões de outros tenham algum sangue índio em suas veias. Ainda sobrevivem diversos
povos isolados, sem contato com a civilização.
Os povos indígenas brasileiros deram contribuições significativas para a sociedade mundial, como a domesticação da
mandioca e o aproveitamento de várias plantas nativas, como o
milho, a
batata-doce, a
pimenta, o
caju, o
abacaxi, o
amendoim, o
mamão, a
abóbora e o
feijão. Além disso, difundiram o uso da
rede de dormir e a prática da
peteca e do
banho diário, costume desconhecido pelos europeus do século XVI. Para a
língua portuguesa legaram uma multidão de nomes de lugares, pessoas, plantas e animais (cerca de 20 mil palavras), e muitas de suas lendas foram incorporadas ao
folclore brasileiro, tornando-se conhecidas em todo o país. Também foram importantes aliados dos portugueses, mesmo involuntários, na consolidação da conquista territorial, defendendo e fixando cada vez mais distantes fronteiras, e deram grande contribuição à composição da atual
população nacional através da
mestiçagem.
Suas culturas diversificadas compunham originalmente um rico mosaico de tradições, línguas e visões de mundo que, depois de serem longamente desprezadas como típicas de sociedades bárbaras, ingênuas e atrasadas, ou no máximo apreciadas como exotismos e curiosidades, hoje já começam a ser vistas em larga escala como culturas complexas, sofisticadas em muitos aspectos, interessantes por si mesmas e portadoras de valores importantes para o mundo moderno, como o respeito pela Natureza e um modo de vida
sustentável, merecendo consideração como qualquer outra. Mesmo assim, a degradação das culturas tradicionais pelo contato assíduo com a civilização tem sido rápida mesmo dentro das reservas, acarretando penosas repercussões sociais.